MEDICAMENTOS BIOLÓGICOS
Antes de apresentar a Toxina Botulínica Tipo A devemos entender o significado dos medicamentos biológicos. São produtos elaborados com substâncias ou princípios ativos (macromoléculas) de origem biológica como microorganismos, órgãos e/ou tecidos de origem vegetal ou animal. São aplicados para a prevenção e/ou tratamento de uma enfermidade ou condição em seres humanos.
São medicamentos produzidos por biossíntese em células vivas, diferente dos sintéticos que são obtidos por síntese química. A maioria dos medicamentos biológicos disponíveis atualmente no mercado é obtida em cultura de células geneticamente modificadas, mas também pode ser representados por derivados, extratos ou purificados.
Esses medicamentos são uma grande inovação da indústria farmacêutica atual, solucionando inúmeros problemas terapêuticos até então não tratados de modo eficaz.
O QUE A É TOXINA BOTULÍNICA TIPO A
A toxina botulínica é um extrato purificado representado por um complexo protéico de origem biológica, obtido a partir do Clostridium botulinum, uma bactéria anaeróbia que, em condições apropriadas à sua reprodução (10ºC, sem oxigênio e certo nível de acidez), cresce e produz sete sorotipos diferentes.
Dentre esses, o sorotipo A é o mais potente e o que proporciona maior duração de efeitos. Utilizado tanto para fins terapêuticos como estéticos, o produto possui um de seus mecanismos de ação no bloqueio da liberação da acetilcolina (neurotransmissor responsável pela contração muscular), causando o relaxamento da musculatura onde é aplicado.
No Brasil, existem seis tipos de Toxina Botulínica Tipo A comercializados, as diferentes apresentações da toxina botulínica do tipo A foram aprovadas pela Anvisa.
As formulações comercializadas possuem diferentes indicações aprovadas em bula. Na sua composição, as toxinas também são muito diferentes.
EFEITOS ADVERSOS DA TOXINA BOTULÍNICA
Os possíveis efeitos adversos que podem surgir da aplicação e estão relacionados aos produtos escolhidos e à técnica de aplicação. O efeito adverso mais frequente é o relaxamento muscular excessivo (ptose), seja dos músculos tratados (devido a doses excessiva) ou de músculos vizinhos; o primeiro caso pode ser uma falha na técnica de aplicação, enquanto o segundo está relacionado ao volume de diluição empregado e às características de cada produto de Toxina Botulínica.
Para evitar esse inconveniente, sugere-se consultar a bibliografia sobre cada produto de Toxina Botulínica para a escolha correta de dose, diluição, técnica e pontos de aplicação correspondentes a cada músculo em particular.
MECANISMO DE AÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA
A toxina age seletivamente no terminal nervoso periférico colinérgico, inibindo a liberação de acetilcolina. Uma vez injetada no músculo a TBA atinge a terminação nervosa colinérgica através da associação das propriedades de dispersão e difusão, e lá chegando, inicia sua ação.
Uma vez que se liga a célula neuronal, inicia-se o processo de internalização presumivelmente intermediado por um receptor de endocitose.
A inibição da exocitose do neurotransmissor, acetilcolina, acontece através de uma atividade proteolítica zinco dependente da cadeia leve, que quebra seletivamente as ligações peptídicas de uma proteína SNARE (Soluble N-ethylmaleimide-sensitive fator Attachment protein-Receptor) essencial para a liberação do neurotransmissor que é dependente de cálcio.
Assim, a cadeia leve exerce seu efeito quebrando as proteínas que são responsáveis pela fusão das vesículas de acetilcolina com a membrana celular da terminação nervosa.
DILUIÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA
A técnica de diluição é extremamente importante para obtenção do resultado e eficácia esperada. O diluente recomendado é solução salina em concentração 0,9%, sem conservantes (Soro Fisiológico estéril).
Usando uma seringa para reconstituição, puxe uma quantidade adequada de diluente. É recomendada para isto uma agulha de 1,5 polegada.
Introduza a agulha no frasco de toxina formando um ângulo de 45° e injete a solução salina lentamente, a fim de evitar a formação de espuma no complexo, o que poderia resultar na desnaturação da toxina.
Gire o frasco de delicadamente, para homogeneização. Para evitar a contaminação, reconecte uma seringa à agulha que está no frasco e transfira a solução. Não deixe formar bolhas!
Desconecte a seringa do frasco e coloque uma agulha apropriada para a aplicação. Pode-se utilizar uma agulha de calibre 25,27 ou 30 para músculos superficiais e uma mais longa, de calibre 22 para músculos mais profundos.
A concentração da toxina pode variar dependendo dos objetivos do profissional.
Para procedimentos em cabeça e pescoço, por exemplo o Botox é diluído em 1 ou 2 mls usualmente resultando em uma concentração de 10U/0,01mL e 5U/0,01mL, respectivamente.
DURAÇÃO DE EFEITOS DA TOXINA BOTULÍNICA
Os efeitos da injeção podem ser sentidos entre o 3° e o 10° dia após a aplicação e duram em torno de 6 semanas a 6 meses, ocasião em que o paciente deve ser avaliado quanto à possibilidade de se recomendar uma nova aplicação, desde que o intervalo mínimo de 3 meses entre as aplicações seja respeitado.
A duração dos efeitos clínicos estará na dependência de vários fatores, entre eles: dose total utilizada, gravidade do quadro clínico, presença de outros tipos de terapia associada e fatores individuais como capacidade de regeneração neurológica.
CONCLUSÃO
A toxina botulínica do tipo A, um recurso terapêutico eficaz e seguro, e sua utilização é coerente na abordagem terapêutica de diferentes doenças, fundamentado em evidências clínicas. Desde que tomadas as devidas precauções, A TBA apresenta alto impacto no tratamento das mais diferentes doenças, favorecendo os objetivos de tratamento e reabilitação.
FONTE: Livro Tb e Preenchedores na Odontologia – Editora RGO
parabens pelo artigo, me ajudou muito